sábado, novembro 25, 2006

CLOWN CRYING



Chora o desumano humano,
grita essa dor rouca e oculta pela tinta.
E na cambalhota do palhaço colorido,
dá risos e gargalhadas a todos, só sua face permanece
feito máscara cristalizada .
De todo o colorido do circo, ela só via os tons cinzentos
pelos cantos.
Cantos dos sorrisos incabulados e olhares perdidos.
E essa trupe sem casa perdidos se deixam ficar pelos caminhos
do oeste-cinza, aguardando próxima parada para
talvez o coração ficar.


(coro exaltado)Chora Palhaço,
chora essa alegria fantasma,
(coro)Chora Palhaço,
borra essa pintura de felicidade,
(coro)Chora Palhaço,
a criança não lhe vê chorando,
(coro exaltado)Chora Palhaço,
mas não deixe de fazer risos,
Chora Palhaço...chora

segunda-feira, novembro 20, 2006

VOCÊ PODE IMAGINAR O QUE É SENTIR ISTO?

Não notei uma diferença tão grande no meu comportamento. Pelo menos não de "cara".
Sempre fui muito introvertida, sem muito amigos e quase nunca saia de casa.
Quando ia em algum mercado, até mesmo perto de casa, sempre ia com alguém.
Comecei há algum tempo atrás sentir falta de ar dentro do ônibus, isso quando saia de casa, e a menos de um ano
passei a sentir uma espécie de fobia sempre que tenho de ir para algum lugar. Comecei a ficar mais preocupada e procurar saber sobre os sintomas que ando sentindo. Então agora sempre que marco alguma coisa para fazer, uma semana antes começo a ficar mais ansiosa do que o normal, dores de cabeça(que não passam com remédios), sintomas de gripe e cansaço no corpo, suadeira nos pés e nas mãos, dores de estômago, coração acelerado, insônia... quando chega o dia, da hora que acordo até a hora marcada do programa fico repetindo para mim mesma de que ainda dá tempo de começar a me preparar, quando eu sei o tempo certo que levo para me arrumar. Quando passa a hora e perco o programa que iria fazer começo a ser tomada por um sentimento de fracasso por não ter ido, de ficar com "frescura"(pq às vezes penso ser isso) e perder uma coisa que sei que seria legal pra mim. E quando acontece de chegar a ir no programa fico com medo de andar na rua sozinha e paralisar e não ir ao local que tenho de ir e nem voltar para casa, tenho vontade de começar a chorar, até chegar ao local que desejo ir tenho a sensação de que estou ficando pequena ou de que tudo está crescendo mas é como se eu estivesse em um tempo diferente das coisas que estão acontecendo a minha volta, quando entro dentro do ônibus escolho o banco de frente para porta e quando vou chegando perto do ponto que tenho que descer às vezes deixo passar ou fico esperando que alguém mais desça pra eu ir junto sem precisar dar o sinal de parada. Quando fico muito tempo fora de casa começo a sentir um mal estar e não aproveito nada do que queria fazer, fico pensando quando será o fim para retornar logo para minha casa. Fico com medo de haver imprevisto e eu não saber lidar com eles.
Enfim eu me sinto mal, fracassada e impotente a respeito de como posso me ajudar, tenho perdido inúmeras oportunidades por conta disso que venho sentindo.

sábado, novembro 04, 2006

SOBRE UM DIA...


"a massa está amorfa... e agora por onde começo?" 

Ganhava-se mais sempre quando deixava-se perder por ruas escuras.
Ali, onde quase ninguém passava achava sempre mais. O ali que era enternecido de nuances acinzentadas porém não apagadas, mas brejeiras.
Parecia ser uma espécie de mistério, que talvez as pessoas por lá só passassem quando ninguém via o outro passando.
O que realmente importava é que com seu guarda-chuva sempre a tiracolo se protegia de tudo, era um guarda-chuva mágico. Magia lá dos tempos da avó, nada podia atravessar aquele guarda-chuva. Foi e era a proteção das mulheres daquela família.
Mas ela sempre se perguntava e sempre perguntou para mãe do que as mulheres da família morriam.
A mãe por sua vez nada dizia, era calada, sempre foi a mais quieta de todas as irmãs.
Andando por ali, testa franzida, cabelos curtos, saia acima do joelho mostrando pernas finas e não tão bem cuidadas. E justamente lá onde ninguém passava quando passa um outro alguém, esse sujeito sem aparência muito normal se aproxima. É roubo. Sim, justo ela que ali sempre ganhava algo iria perder. Lembrou-se da mãe que nunca dizia nada e quando dizia recomendava sempre muito séria, não deixe-se perder este guarda-chuva, deixem que lhe levem tudo que tiver, mas o guarda-chuva não! Sempre muito séria e com o olhar sobre as lentes do óculos. E não é que o sujeito aí sem aparência normal a primeira coisa que tentou agarrar foi o guarda-chuva! E claro, ela agarrou o guarda-chuva e não soltaria por nada e o mesmo acontecia do lado oposto. Ela gritou por ajuda, nada apareceu, então gritou com ele. Dizia que deixava-lhe levar o que quisesse menos o guarda-chuva. O sujeito achou a situação muito estranha e ficou sem saber o que fazer. Então pensou, como pensava pouco logo avistou as pernas não tão bonitas e o sorriso malicioso denunciou o que levaria. Ali onde nada e ninguém passava, pois as horas não existiam, ela se perdeu. O guarda-chuva não, de resto tudo lhe podia se perder. Lá pelas tantas descobriu o que era se perder. Desde de então ali, onde quase ninguém passava, deixou de ganhar e passou a perder-se um tanto assim, como ela dizia aos outros. A mãe séria, sempre calada, mas mais satisfeita de que a menina havia perdido tudo, o guarda-chuva não. Era assim.