sábado, setembro 30, 2006

Water is Fabula blue


Tenho pressa, deixo as horas escaparem.
Vejo azul e tudo corre para o grande, mar, martírio.
As anotações perdidas em vozes apagadas e voláteis.
Fiéis de um todo qualquer guardado no livro.
Volto e no mar revolto afundo nas horas passadas
e na pressa azulada que está sobre todos.
Tens novos rumos, tens velhos encontros e nada trocado aos trocos daqueles.
Vejo pequenos seres habitantes do fundo.
Ao afundar, rápido, rapidamente me perco com tantos seres que encontro.
No azul índigo dobro às vistas...tem tanta areia aqui no fundo, o ar vai me faltando aos poucos
nem me dou conta do quanto preciso dele. É tão natural o ar me faltando que aos poucos acostumo com o fundo.
O som, é tão difícil de identificar os sons que cada coisa faz aqui no fundo. Alguns são bem silenciosos, outros deixam que os outros emitam seus barulhos, alguns emitem seus próprios gestos audíveis.
Movimentos impulsivos ou não, em nada alteram a superfície. Dica. Não há como gritar.
Não tente, pois isto lhe afundará mais.

domingo, setembro 17, 2006

Estranho isso

Pessoas estranhas
Faces incógnitas
E agora tudo torna-se tão estranho
É estranho ,estranho
Você é estranha
Ele é estranha
Eu sou estranho
Todos somos estranhos
Rostos estranhos, coisas estranhas
acontecem...
As faces estranhas passam por mim na rua
Pessoas estranhas me cercam
em ...algum lugar
Tudo tão estranho
Pensamentos estranhos,
Vozes estranhas
Estranho, isso é estranho
Aquele reflexo no espelho
Não o reconheço
E tudo permanece estranho.
E tenho já algumas coisas arrumadas e mesmo assim a casa não vive.
Dei lhe cor e ares novos, fiz massagem nos cantos escurecidos pelo tempo que tanto guardaram histórias. Cantei músicas alegres para ver se reanimava, mas tudo em vão.
Ela não vive mais, há tempos decidiu não ver o que acontecia a volta. Tempos.
Paralisou um momento qualquer, mas alegre de sua memória invadida e assim deixou se ficar.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Perdida



Me dou de "joaninha perdida na cidade"
para não saber onde me encontro.
Viro a esquina e passo pelo bar, dobro a direita e desencontro
a rua do mercadinho.
Ah mas será que lá encontraria uma vela, para acender
todas as noites em que o escuro me abater e eu me perder?
Nem posso pensar em me encontrar ou me perder novamente,
de mapas preciso para situar a andança pela cidade e a casa retornar.
No dia seguinte abro os olhos e me dou com a janela e as cortinas a brandarem
furiosas com o vento .

quinta-feira, setembro 07, 2006

Pedro e Lua





de Odilon Moraes





Pedro queria dizer pedra, mas tinha a cabeça na lua.
Lua queria dizer lua mesmo, mas parecia uma pedra.
Desde que lera num livro
que a lua era uma pedra grande
que flutuava no céu,
Pedro ficara encantado.
Numa noite, ao passear para ver a lua,
Pedro, que nunca olhava para o chão, tropeçou numa pedra...
... e descobriu que as pedras
tinham caído da lua
e deviam Ter saudades de casa.
Então, a cada noite, Pedro juntava pedrinhas para perto da lua.
Uma noite, Pedro levava um punhado de pedras,
quando uma pedra muito bonita cruzou seu caminho.
Pedro logo descobriu que era uma tartaruga,
mais como seu casco parecia uma grande lua esverdeada,
ele a chamou – Lua.
Lua adorava quando Pedro a colocava no topo das pedras.
De lá podia ver o mundo, grande e infinito, iluminado pela luz da lua.
Pedro adorava aquela pedra linda que era Lua...
...e achava graça em vê-la seguindo seus caminhos.
E assim foram crescendo,
juntos,
Pedro... e Lua.
Quando Pedro viajava
ela ia para dentro do casco.
Não saía nem para comer.
Triste igual céu sem lua.
Mas era de encher os olhos a alegria da Lua...
...toda vez que Pedro voltava.
Certo dia, quando chegou de férias na cidade,
Pedro estava cheio de novidades para contar:
tinha visto escadas rolantes, elevadores panorâmicos...
...e tanta gente bonita que teve até vontade de morar lá.
Como Pedro não viu Lua, quis saber da tartaruga.
Disseram que havia dois meses não aparecia para fora do casco.
Pedro chamou...Lua não veio.
Deu dor no coração ver Pedro
com saudade da amiga.
De noite, foi levar o casco de Lua para junto das pedras.
Lá, descobriu que tartaruga também tem saudades.
Lua tinha mudado de casa.
Voltou para sua.
Pedro amava Lua.
Lua parecia uma pedra.

terça-feira, setembro 05, 2006

Trindade Mágica

Bruxinha Amada.
Irmã sangue do meu partner.
Em ti encontro o Eco necessário.
Minha Dor, se era, mirou pontaria e se foi.
Hoje voltou devagar e lenta.
Dói.
Espinho cravado na garganta, sim.
Mas dura o Tempo que se desejar.
Eu não.
Espero o vão da realidade abrir algo para que eu possa novamente e sempre,
Feliz Ser.
Mereço, sei que.
Sim, os fios desencabados da alma se partem agora
mas na rede acalento teu sono como o do Poeta madrugada que se foi.
Falta faz, mas sei que amanhã ou Dia qualquer voltaremos
a dialogar e duelar nesta alquimia brava
dos que são Inutilmente sós
E à toa.
Nunca mais
serei eu.
Sempre esta Trindade Mágica.
Nossa. Beijos e.
Guarda, publica ou Nada.
Serei sempre aqui.
Tua. E Dele, sim.
Meu planeta enviesado e despejado.
Galáxia toda que implora: volta, Seth.
Aqui estamos nós, Anões de Jardim
Órfãos da Tua sanidade inquieta e
imprópria pra tão poucos anos.
É.
Eu.
Amor e Aquela Toda Coisa
Sempre.

albanegromonte


Moça deste lado ai...
O que se faz?
para dormir quando se tem que dormir
e não se quer?
Mas se necessita.
Dor se tornar calada quando instalada
mas não menos gritada
Pode isso?
Pode.
Dormindo, deita os olhos e descansa
no fio que corre mente adentro, dormindo eu sou,
posso.
Os pensamentos se agitam
as letras se embaralham
e se enfileiram, não por isso, nada de ordem nelas,
que corram soltas na madrugada
silenciosa.(na onde só o maldito galo canta!)
Trindade Mágica,
com hábitos crepusculares e noturnos,
a face se forma um coração
e voamos silenciosos.
Corujas Perdidas?
Sim, que se encontram de tempos em tempos
para arrulharem seus gostos e desgostos....
vítimas ou não na Roda Cíclica da vida,
apenas somos.

Fábula


Sim somos.
Alquimistas embaralhados?
Corujas perdidas?
Vampiros ameaçados?
O Sol se vem.
Se é Sol.
Se basta, ele.
A Nós, Trindade, resta o cansaço de Ser
e Estar em qualquer.
Direção ou trilho.
Trem ou Nuvem.
Não sei, e tu?
Quem escoa do Caldeirão a Magia suprema que nos une?
Ah!Mas em ti vamos nos encontrar.
Amanhece aqui deste lado.
O mar arrulha proezas de sereias e tritões.
Netuno se desfaz em galanteios a Iemanjá.
E eu ouço o Galo.
Canta, miserável dos Dias.
canta e me deixa fechar os olhos cansados de tudo.
Pra ver o Nada que se impõe nas letras atordoadas de Tudo
que se vão rede afora
como Poeta que dorme
e a Bruxa que sente
e eu, Mortal ou não?
Acendo a vela negra tinta de sangue violeta
que é a cor mais triste que há.
Disse a Maga, sábia de Julio no
Juegode Amarelinha.
Evohé, Cortazar.
Salve a Trindade e abençoa em Nós
a secura e a ãnsia de sermos mais que sombras.
Aqui ou Lá.
Onde estão o que o sangue uniu
e eu sem sangue e com dores
me arremeto pra ser
a ponte
O vértice deste triãngulo que se fazem rocas de princesas
e que serei assim
deles o Sal.
Amém.

albanegromonte