domingo, novembro 16, 2008

Cansaço


O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço…

Álvaro de Campos


nota: foto Emilie Bjork

quinta-feira, novembro 13, 2008

sexta-feira, novembro 07, 2008

exploração de um espaço privado ansioso


rosa, vermelho e roxo
deitar uma história,
uma parte sedada.
reter a substância,
memória,
trauma.
qualquer dia que passou,
todos os dias.

monstro bizarro,
luz do ano,
fantasia,

desorientação.
infância e
cisões,
deslocamento e
vidros quebrados.

ansiedade e redução da pobreza.
solução eficaz.
temporário (?).




foto1: achada na net
foto2:Emilie Björk/flickr
foto3: My Guerrilha/flickr
loucura perdida

quarta-feira, outubro 01, 2008

vontade de afundar

"Mar adentro, mar adentro,
y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños,
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.

Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno,
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo;
es como penetrar al centro del universo:

El abrazo más pueril,
y el más puro de los besos,
hasta vernos reducidos
en un único deseo:

Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras:
más adentro, más adentro,
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.

Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos."


Poema de Ramón Sampedro
recitado por Javier Barden
no filme Mar Adentro

 Javier Bardem - Mar Adentro


terça-feira, setembro 30, 2008

dos sentimentos humanos II


dos pedaços que soam
como inteiros


das partes que se colam e se fazem
um

de todo prever de
dores e angústias

do jogar-se escada abaixo

de repente vem aquela sensação
aquela nostalgia no ar e a pergunta:
por que as coisas não podem ser como antes.





loucura perdida

quarta-feira, setembro 17, 2008

dos sentimentos humanos



é com esses passos
curtos e pesados
sem sombras
nem calor

segue o vento
e dói feito
corte


anime-se
sorria
o mundo espera isso.

loucura perdida

sábado, agosto 30, 2008

As três amoras

Ana, Lídia e Laura



Seus lábios rachados, talvez fruto da pouca umidade do ar. Era dolorido e podia sentir o gosto do sangue. Mordiscava retirando pedacinhos de pele, sentia vida ali.
Saia, óculos de sol e rabo de cavalo. Toda animação partia dela e irradiava quem chegasse muito perto, sempre foi assim e algumas vezes desconfiavam dessa luz. Mas não se deixava abater, mesmo quando perguntavam o que os óculos escondiam.
Carência e um pouco de comédia triste viviam dentro daquelas de botas. Guarda- chuvas e botas.



loucura perdida

domingo, agosto 24, 2008

hedonistas


a minha sensibilidade
acaba antes mesmo do ponto final

essa brutalidade se faz por querer
com vida própria

uma enciclopédia é tão importante
quando se busca.
o estilo é tão seu quando se vive

e os outros? que se acabem em
sensíveis palavras.




loucura perdida

quarta-feira, agosto 13, 2008

porque minha vontade é:
a de gritar

cantar sem se preocupar:
com timbre e acordes

sentir sem:
pensar em depois




loucura perdida

vc

há quanto tempo não choro
quanto tempo minha caneta está em pausa
o quanto espero você

o que digo que não atingiu
e me cerca
o que digo sem dizer
e só em gesto

amo você.


loucura perdida

sexta-feira, agosto 08, 2008

desmaio para a morte


com nuances de mil cores nos olhos
e a boca seca demais
pálpebras pesadas
e um sorriso esboçado

dores sem dor.
não deixaram de existir, apenas não são tão fortes
e incomodativas como dantes

minhas mãos ajudam o corpo a ficar de pé
apoiando-se nas paredes
tudo de repente fica tão longe

pessoas, sentimentos, gostos e prazeres
abandonam meu corpo lentamente

e que o físico desapareça sem me
enterrarem com honras contrárias
as que tanto desejei.




loucura perdida

sábado, julho 26, 2008

Quem cujo dedo busca o gatilho
E agradece a falta da arma

Quem cujo medo assobia na noite
E rabisca nas revistas

Quem se trai nos gestos e quebra cartões e canetas
Quem morde o de dentro das bochechas
Quem morre de câncer
Quem morre do coração

Quem não dorme na tv de madrugada
Quem finge calma e bebe água
Quem range os dentes
Quem parte o espelho
Quem compra roupas
Quem lava o chão

Ninguém encara, de fato e por inteiro,
A solidão

Maria Rezende

sexta-feira, julho 25, 2008

conversas da hora do chá

solúvel e lento
arrastam-se os corpos
e com isso os que parecem
únicos e últimos sentimentos
se perdem

perdido fica num
de não saber se volta
se fica

rogue, peça formulas
tente se agarrar ao último sentimento
tentar achar a razão
o fio que ainda te liga
ao

aqui.




loucura perdida

terça-feira, julho 15, 2008

sempre voltam,

as tempestades somem e aparecem de tempos em tempos
mas nunca mudam a forma de bater
pelo menos não em mim.
bate, arranca pedaços e me deixa caída no chão.
sempre dói. E isso visto com outros olhos sempre
é chorado demais.


loucura perdida

quinta-feira, julho 10, 2008

sentir


Sentir nos faz notar que estamos vivo
Sentir por diversas vezes nos traz dores e sofrimentos
Se pudéssemos escolher não sentir...
Se fossemos obrigados a não sentir
Como seria nossas vidas? Seriam vidas
Nascer num mundo obrigado a não sentir nada
E se sentir ser punido com a vida
Seria fácil se acostumar?
Se temos a opção de escolher o que escolheríamos

Sofro por sentir e queria poder não sentir
Mas não tenho poder de escolha sobre isso
E esse sentir ainda que só me traga na maioria das vezes dor e sofrimento
É o único vestígio de vida que há em mim




loucura perdida

terça-feira, julho 08, 2008

a futilidade agressiva e brega das pessoas mais insociais do que eu

...é horrível socializar com pessoas mais insociais que você.
pessoas burras.
pessoas bregas.
pessoas com gostos bregas.
pessoas chatas.
pessoas que só vivem pro mundinho infernal e brega.
pessoas que acham que são pessoas.
e pessoas desorientadas.

Odeio pessoas, essas descritas aí em cima me fazem se coçar toda.
Cada vez que entro em contato com essas aí, me sinto realmente morta para o mundo.
puta! que eu ainda estou fazendo aqui?
que os 35 cheguem logo.

loucura perdida

sexta-feira, julho 04, 2008

Meus pés


Meus pés doem, parecem cortados de tanto pisar sobre vidros em pedaços.
Esse rádio velho com esse som passado que tanto me conforta de maneira como se fosse,
para não estar mais aqui. As vozes, as batidas e toda essa emoção que vem a tona por esse minutos de música, sinto o ar, sinto a vida como sombra.
Como manter isso por mais tempo.



a loucura apagada

sexta-feira, junho 27, 2008

poeiras imaginárias

torres
onde as torres se escondem?
todas mais tortas
são elas as buscas
das soluções?
são torres afundando
todos tropeçando
são as torres a causa de
tudo isso?


loucura perdida

sexta-feira, maio 23, 2008

transmittance*

(Clara Rockmore )




entrando em órbita
é assim suave e tempestivo

querendo pensar em tudo e
não pensando nada
receoso com que vem
e forçando-se a não olhar
o que se foi

triste e solitário
onde eu canto
onde eu rio
onde vivo

ouvindo a estática
em órbita
tubos, sons
luzes e alívio
entrando em órbita



*transmissão em francês.



loucura perdida


terça-feira, maio 13, 2008


"Vou falar-lhe de segredos de famíla, essa sagrada instituição que pretende incutir virtude em selvagens. Repita o que vou dizer: sagrada família, teto de bons cidadãos. Diga! As crianças são torturadas até mentirem. A vontade é esmagada pela repressão. A liberdade é assassinada pelo egoísmo. Família, porra de família!"

(Marlon Brando/O último tango em Paris)

terça-feira, abril 01, 2008

carta fúnebre



Daqui me resta gritar e dizer
como me sinto sem vocês
De como é sem TV a noite ou sem música durante
as tarefas
Não, não vim parar no inferno
simplesmente não consigo sair dessa caixa

Estou feliz com a partida, era previsto isso desde
de que me conheço por gente
Não ter incômodos ...pessoas e todo tipo de coisas

loucura perdida

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

carta para ele (2)

Saber sobre você me deixa feliz, gosto disso.
beijo

quarta-feira, janeiro 30, 2008

carta para ele


Oi, não sei o que está acontecendo...esse tempo todo convivemos juntos e nunca nunca passou pela minha cabeça algo assim. Não sei como agir, gosto demais de você e acho que sabe disso né.
Não entendo porque quer se afastar. Me diz que também não sabe o que está acontecendo...mas parece o contrário.
Gostei muito de saber que você gosta de mim, mas fiquei muito insegura com isso, senti algo tão gostoso mas você quer se afastar. Te quero muito bem, e você se tornou e sempre será uma pessoa especial para mim. Aprendi que amores verdadeiros nunca são vividos por muito tempo, sempre há algo que impede...isso é verdade?
O que fez tudo isso acontecer? Como paramos aqui? E porque não consigo te sentir aqui?
Estou entristecida com tudo. Não me esqueço nunca. Beijo.