quarta-feira, dezembro 27, 2006

Deter um livre pensamento numa caixa de fermento...

Da face avermelhada
para os pés encalço
perdidos na praça
A noite foi longa e sobrou sua sandália
debaixo do banco.
Salvem as putrefatas almas.

Mas salvar? O quê?
Esse desejo não é real.

Mas não consigo desejar isso
no vinho se acabam
se ao menos soubessem que se acabam.
Nada de entendimento para todos da festa.

Mostre esse caminho do bosque
estou aqui para caminhar
caminho tropeçando em pedaços
braços, pernas, cabeças
todas horrivelmente sem uma gota
de sangue, tão bem colocadas,
espalhadas, atiradas ao caminho sem maiores
e menores razões.
E dizem que se desconhecem neste Mundo perdido
que traduz vida por atitude.
Não há atitude em mim
e nem a vejo nos outros.

sábado, novembro 25, 2006

CLOWN CRYING



Chora o desumano humano,
grita essa dor rouca e oculta pela tinta.
E na cambalhota do palhaço colorido,
dá risos e gargalhadas a todos, só sua face permanece
feito máscara cristalizada .
De todo o colorido do circo, ela só via os tons cinzentos
pelos cantos.
Cantos dos sorrisos incabulados e olhares perdidos.
E essa trupe sem casa perdidos se deixam ficar pelos caminhos
do oeste-cinza, aguardando próxima parada para
talvez o coração ficar.


(coro exaltado)Chora Palhaço,
chora essa alegria fantasma,
(coro)Chora Palhaço,
borra essa pintura de felicidade,
(coro)Chora Palhaço,
a criança não lhe vê chorando,
(coro exaltado)Chora Palhaço,
mas não deixe de fazer risos,
Chora Palhaço...chora

segunda-feira, novembro 20, 2006

VOCÊ PODE IMAGINAR O QUE É SENTIR ISTO?

Não notei uma diferença tão grande no meu comportamento. Pelo menos não de "cara".
Sempre fui muito introvertida, sem muito amigos e quase nunca saia de casa.
Quando ia em algum mercado, até mesmo perto de casa, sempre ia com alguém.
Comecei há algum tempo atrás sentir falta de ar dentro do ônibus, isso quando saia de casa, e a menos de um ano
passei a sentir uma espécie de fobia sempre que tenho de ir para algum lugar. Comecei a ficar mais preocupada e procurar saber sobre os sintomas que ando sentindo. Então agora sempre que marco alguma coisa para fazer, uma semana antes começo a ficar mais ansiosa do que o normal, dores de cabeça(que não passam com remédios), sintomas de gripe e cansaço no corpo, suadeira nos pés e nas mãos, dores de estômago, coração acelerado, insônia... quando chega o dia, da hora que acordo até a hora marcada do programa fico repetindo para mim mesma de que ainda dá tempo de começar a me preparar, quando eu sei o tempo certo que levo para me arrumar. Quando passa a hora e perco o programa que iria fazer começo a ser tomada por um sentimento de fracasso por não ter ido, de ficar com "frescura"(pq às vezes penso ser isso) e perder uma coisa que sei que seria legal pra mim. E quando acontece de chegar a ir no programa fico com medo de andar na rua sozinha e paralisar e não ir ao local que tenho de ir e nem voltar para casa, tenho vontade de começar a chorar, até chegar ao local que desejo ir tenho a sensação de que estou ficando pequena ou de que tudo está crescendo mas é como se eu estivesse em um tempo diferente das coisas que estão acontecendo a minha volta, quando entro dentro do ônibus escolho o banco de frente para porta e quando vou chegando perto do ponto que tenho que descer às vezes deixo passar ou fico esperando que alguém mais desça pra eu ir junto sem precisar dar o sinal de parada. Quando fico muito tempo fora de casa começo a sentir um mal estar e não aproveito nada do que queria fazer, fico pensando quando será o fim para retornar logo para minha casa. Fico com medo de haver imprevisto e eu não saber lidar com eles.
Enfim eu me sinto mal, fracassada e impotente a respeito de como posso me ajudar, tenho perdido inúmeras oportunidades por conta disso que venho sentindo.

sábado, novembro 04, 2006

SOBRE UM DIA...


"a massa está amorfa... e agora por onde começo?" 

Ganhava-se mais sempre quando deixava-se perder por ruas escuras.
Ali, onde quase ninguém passava achava sempre mais. O ali que era enternecido de nuances acinzentadas porém não apagadas, mas brejeiras.
Parecia ser uma espécie de mistério, que talvez as pessoas por lá só passassem quando ninguém via o outro passando.
O que realmente importava é que com seu guarda-chuva sempre a tiracolo se protegia de tudo, era um guarda-chuva mágico. Magia lá dos tempos da avó, nada podia atravessar aquele guarda-chuva. Foi e era a proteção das mulheres daquela família.
Mas ela sempre se perguntava e sempre perguntou para mãe do que as mulheres da família morriam.
A mãe por sua vez nada dizia, era calada, sempre foi a mais quieta de todas as irmãs.
Andando por ali, testa franzida, cabelos curtos, saia acima do joelho mostrando pernas finas e não tão bem cuidadas. E justamente lá onde ninguém passava quando passa um outro alguém, esse sujeito sem aparência muito normal se aproxima. É roubo. Sim, justo ela que ali sempre ganhava algo iria perder. Lembrou-se da mãe que nunca dizia nada e quando dizia recomendava sempre muito séria, não deixe-se perder este guarda-chuva, deixem que lhe levem tudo que tiver, mas o guarda-chuva não! Sempre muito séria e com o olhar sobre as lentes do óculos. E não é que o sujeito aí sem aparência normal a primeira coisa que tentou agarrar foi o guarda-chuva! E claro, ela agarrou o guarda-chuva e não soltaria por nada e o mesmo acontecia do lado oposto. Ela gritou por ajuda, nada apareceu, então gritou com ele. Dizia que deixava-lhe levar o que quisesse menos o guarda-chuva. O sujeito achou a situação muito estranha e ficou sem saber o que fazer. Então pensou, como pensava pouco logo avistou as pernas não tão bonitas e o sorriso malicioso denunciou o que levaria. Ali onde nada e ninguém passava, pois as horas não existiam, ela se perdeu. O guarda-chuva não, de resto tudo lhe podia se perder. Lá pelas tantas descobriu o que era se perder. Desde de então ali, onde quase ninguém passava, deixou de ganhar e passou a perder-se um tanto assim, como ela dizia aos outros. A mãe séria, sempre calada, mas mais satisfeita de que a menina havia perdido tudo, o guarda-chuva não. Era assim.

sábado, setembro 30, 2006

Water is Fabula blue


Tenho pressa, deixo as horas escaparem.
Vejo azul e tudo corre para o grande, mar, martírio.
As anotações perdidas em vozes apagadas e voláteis.
Fiéis de um todo qualquer guardado no livro.
Volto e no mar revolto afundo nas horas passadas
e na pressa azulada que está sobre todos.
Tens novos rumos, tens velhos encontros e nada trocado aos trocos daqueles.
Vejo pequenos seres habitantes do fundo.
Ao afundar, rápido, rapidamente me perco com tantos seres que encontro.
No azul índigo dobro às vistas...tem tanta areia aqui no fundo, o ar vai me faltando aos poucos
nem me dou conta do quanto preciso dele. É tão natural o ar me faltando que aos poucos acostumo com o fundo.
O som, é tão difícil de identificar os sons que cada coisa faz aqui no fundo. Alguns são bem silenciosos, outros deixam que os outros emitam seus barulhos, alguns emitem seus próprios gestos audíveis.
Movimentos impulsivos ou não, em nada alteram a superfície. Dica. Não há como gritar.
Não tente, pois isto lhe afundará mais.

domingo, setembro 17, 2006

Estranho isso

Pessoas estranhas
Faces incógnitas
E agora tudo torna-se tão estranho
É estranho ,estranho
Você é estranha
Ele é estranha
Eu sou estranho
Todos somos estranhos
Rostos estranhos, coisas estranhas
acontecem...
As faces estranhas passam por mim na rua
Pessoas estranhas me cercam
em ...algum lugar
Tudo tão estranho
Pensamentos estranhos,
Vozes estranhas
Estranho, isso é estranho
Aquele reflexo no espelho
Não o reconheço
E tudo permanece estranho.
E tenho já algumas coisas arrumadas e mesmo assim a casa não vive.
Dei lhe cor e ares novos, fiz massagem nos cantos escurecidos pelo tempo que tanto guardaram histórias. Cantei músicas alegres para ver se reanimava, mas tudo em vão.
Ela não vive mais, há tempos decidiu não ver o que acontecia a volta. Tempos.
Paralisou um momento qualquer, mas alegre de sua memória invadida e assim deixou se ficar.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Perdida



Me dou de "joaninha perdida na cidade"
para não saber onde me encontro.
Viro a esquina e passo pelo bar, dobro a direita e desencontro
a rua do mercadinho.
Ah mas será que lá encontraria uma vela, para acender
todas as noites em que o escuro me abater e eu me perder?
Nem posso pensar em me encontrar ou me perder novamente,
de mapas preciso para situar a andança pela cidade e a casa retornar.
No dia seguinte abro os olhos e me dou com a janela e as cortinas a brandarem
furiosas com o vento .

quinta-feira, setembro 07, 2006

Pedro e Lua





de Odilon Moraes





Pedro queria dizer pedra, mas tinha a cabeça na lua.
Lua queria dizer lua mesmo, mas parecia uma pedra.
Desde que lera num livro
que a lua era uma pedra grande
que flutuava no céu,
Pedro ficara encantado.
Numa noite, ao passear para ver a lua,
Pedro, que nunca olhava para o chão, tropeçou numa pedra...
... e descobriu que as pedras
tinham caído da lua
e deviam Ter saudades de casa.
Então, a cada noite, Pedro juntava pedrinhas para perto da lua.
Uma noite, Pedro levava um punhado de pedras,
quando uma pedra muito bonita cruzou seu caminho.
Pedro logo descobriu que era uma tartaruga,
mais como seu casco parecia uma grande lua esverdeada,
ele a chamou – Lua.
Lua adorava quando Pedro a colocava no topo das pedras.
De lá podia ver o mundo, grande e infinito, iluminado pela luz da lua.
Pedro adorava aquela pedra linda que era Lua...
...e achava graça em vê-la seguindo seus caminhos.
E assim foram crescendo,
juntos,
Pedro... e Lua.
Quando Pedro viajava
ela ia para dentro do casco.
Não saía nem para comer.
Triste igual céu sem lua.
Mas era de encher os olhos a alegria da Lua...
...toda vez que Pedro voltava.
Certo dia, quando chegou de férias na cidade,
Pedro estava cheio de novidades para contar:
tinha visto escadas rolantes, elevadores panorâmicos...
...e tanta gente bonita que teve até vontade de morar lá.
Como Pedro não viu Lua, quis saber da tartaruga.
Disseram que havia dois meses não aparecia para fora do casco.
Pedro chamou...Lua não veio.
Deu dor no coração ver Pedro
com saudade da amiga.
De noite, foi levar o casco de Lua para junto das pedras.
Lá, descobriu que tartaruga também tem saudades.
Lua tinha mudado de casa.
Voltou para sua.
Pedro amava Lua.
Lua parecia uma pedra.

terça-feira, setembro 05, 2006

Trindade Mágica

Bruxinha Amada.
Irmã sangue do meu partner.
Em ti encontro o Eco necessário.
Minha Dor, se era, mirou pontaria e se foi.
Hoje voltou devagar e lenta.
Dói.
Espinho cravado na garganta, sim.
Mas dura o Tempo que se desejar.
Eu não.
Espero o vão da realidade abrir algo para que eu possa novamente e sempre,
Feliz Ser.
Mereço, sei que.
Sim, os fios desencabados da alma se partem agora
mas na rede acalento teu sono como o do Poeta madrugada que se foi.
Falta faz, mas sei que amanhã ou Dia qualquer voltaremos
a dialogar e duelar nesta alquimia brava
dos que são Inutilmente sós
E à toa.
Nunca mais
serei eu.
Sempre esta Trindade Mágica.
Nossa. Beijos e.
Guarda, publica ou Nada.
Serei sempre aqui.
Tua. E Dele, sim.
Meu planeta enviesado e despejado.
Galáxia toda que implora: volta, Seth.
Aqui estamos nós, Anões de Jardim
Órfãos da Tua sanidade inquieta e
imprópria pra tão poucos anos.
É.
Eu.
Amor e Aquela Toda Coisa
Sempre.

albanegromonte


Moça deste lado ai...
O que se faz?
para dormir quando se tem que dormir
e não se quer?
Mas se necessita.
Dor se tornar calada quando instalada
mas não menos gritada
Pode isso?
Pode.
Dormindo, deita os olhos e descansa
no fio que corre mente adentro, dormindo eu sou,
posso.
Os pensamentos se agitam
as letras se embaralham
e se enfileiram, não por isso, nada de ordem nelas,
que corram soltas na madrugada
silenciosa.(na onde só o maldito galo canta!)
Trindade Mágica,
com hábitos crepusculares e noturnos,
a face se forma um coração
e voamos silenciosos.
Corujas Perdidas?
Sim, que se encontram de tempos em tempos
para arrulharem seus gostos e desgostos....
vítimas ou não na Roda Cíclica da vida,
apenas somos.

Fábula


Sim somos.
Alquimistas embaralhados?
Corujas perdidas?
Vampiros ameaçados?
O Sol se vem.
Se é Sol.
Se basta, ele.
A Nós, Trindade, resta o cansaço de Ser
e Estar em qualquer.
Direção ou trilho.
Trem ou Nuvem.
Não sei, e tu?
Quem escoa do Caldeirão a Magia suprema que nos une?
Ah!Mas em ti vamos nos encontrar.
Amanhece aqui deste lado.
O mar arrulha proezas de sereias e tritões.
Netuno se desfaz em galanteios a Iemanjá.
E eu ouço o Galo.
Canta, miserável dos Dias.
canta e me deixa fechar os olhos cansados de tudo.
Pra ver o Nada que se impõe nas letras atordoadas de Tudo
que se vão rede afora
como Poeta que dorme
e a Bruxa que sente
e eu, Mortal ou não?
Acendo a vela negra tinta de sangue violeta
que é a cor mais triste que há.
Disse a Maga, sábia de Julio no
Juegode Amarelinha.
Evohé, Cortazar.
Salve a Trindade e abençoa em Nós
a secura e a ãnsia de sermos mais que sombras.
Aqui ou Lá.
Onde estão o que o sangue uniu
e eu sem sangue e com dores
me arremeto pra ser
a ponte
O vértice deste triãngulo que se fazem rocas de princesas
e que serei assim
deles o Sal.
Amém.

albanegromonte

terça-feira, agosto 29, 2006

CAOS EM PENSAMENTOS



Tilintar dos recortes

Era um tilintar suave no começo e era difícil para Juliana distinguir que objeto o fazia. O tilintar passou a ser mais forte era um som de tesoura, pensou Juliana. Sim! Era uma tesoura a recortar. Mas o que recortar? Só ouvia a tesoura. Foi aumentando o tilintar que agora já era um barulho horrível incomodando Juliana. Começou com uma tesoura, depois duas, três agora já não sabia quantas!
A busca por uma visão física das tesouras era angustiante, Juliana queria vê-las mas somente escutava-as. Quero saber o que elas estão recortando, eu quero saber, quero. Ela murmurava pelo quarto a procura.
Andréia, a enfermeira entrou no quarto encontrou Juliana murmurando, agitada andando de um canto ao outro. Que há menina? Hein? O que procura?
A enfermeira era muito paciente com os internos, todos ficavam admirados com a dedicação da moça já que a grande maioria dos funcionários não o eram.
A menina não escutava, nem se quer havia notado a presença da enfermeira. Andréia separou os remédios e o copinho com água.
- Toma menina, tome seu remédio vai ficar melhor .
Juliana escutava aquele barulho ensurdecedor, automaticamente andava pelo quarto até a enfermeira a guiar pelo braço para cama, Sente-se querida, tome isto ficará melhor.
Obediente ou sem notar o que se passava ali Juliana toma os dois comprimidos coloridos e o gole de água. Percebe que o barulho está mais baixo, mais e mais longe...

quinta-feira, agosto 24, 2006

insônia

Não era fácil,
berravam em meus ouvidos,
outros mais conhecidos
chamavam, chamavam

Quero dormir, me deixem dormir
eu implorava em silêncio
Mãe, falava
Irmã,chamava
cada qual que estava na casa me chamava

Não conseguia me concentrar em dormir...

quando de repente uma voz...
voz de criança me diz,

imagina que tá num precipício...
que tá lá no alto
agora se joga
sem medo
vc vai caindo caindo
primeiro rápido
depois vai diminuindo diminuindo
quando chegar lá embaixo vc ja vai ter
dormido
e todos os outros ficarão lá em cima...

vc sabe pq eles ficarão lá em cima?

Tiveram medo de cair e não conseguir dormi antes de chegar lá embaixo...

Me joguei
gritei,
ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
depois a queda foi ficando mais lenta
bem como a voz tinha me dito
quando ia chegando lá embaixo...
...
...
...
...
...
...
dormir.

quarta-feira, agosto 16, 2006

só...

Aqui e só sem ter o que dizer e a quem dizer, mergulhada numa ‘silencitude’ aguda madrugada adentro.
Olho me no espelho e peço, mostre-me algo, nenhuma resposta.
Com a parede a noitinha me encontro deitada na cama tateando a parede no escuro, vejo seus veios frios e ásperos.
Sinto não sentir o poder de tal vida que vim cair. Não noto o preto no branco quando este está escrito morte.
É as juras malucas sem cabimento feitas ao além de nada se importam daqui pra frente. A música do rádio não ajuda.
E num silêncio soturno das 03:00 da madrugada sai a cantar o animal. Berra feito louco contido na certeza de sua convicção. O mais estranho não é a cantoria em plena na madrugada e sim durante o dia quando todos já estão acordados e ele faz valer seu canto que é designado ao acordar das pessoas, acordar cedo e não durante o dia. Sofreria de alguma doença melodiosa melancólica? Ao anunciar o dias várias vezes ao dia com intuito de passar-se mais rápidos as angustias por ele vivida. No demais sobre fazer nas outras horas do dia, quando não está a cantar, fecunda as fêmeas do galinheiro.
Madrugada, quarta-feira, 9 de agosto de 2006

loucura perdida

terça-feira, agosto 15, 2006

rendimento do dia...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo"
Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)

domingo, agosto 13, 2006

...fragmentos...

Subi, desci, subi, desci
A escada tortuante cercava pela casa
paredes ladrilhadas com dores desconhecidas
corredores cumpridos como pensamentos indefinidos
Ah... se todos ouvissem o que a casa dizia sem palavras...

loucura perdida

sábado, agosto 12, 2006

Despetalando


(foto de Sérgio Bruneto)

Tudo era como uma flor perdendo suas pétalas...
Talvez vivesse a vida delicada demais.

A exposição direta ao sol
lhe fazia mal
O demasiado banho de águas da vida
também lhe fazia mal.

Morria pouco a pouco
tentando respirar...
Mas o ar asfixiava-a a cada suspiro.

Os números contavam as coisas
que por ela passavam.
As pessoas não a notavam
era uma canção silenciosa de funeral.

Grandes mordidas com que o mundo
abocanhava sua vida...

Sentia-se sufocada ...
não conseguia ficar muito tempo por aqui
necessitava de ares novos.
Tinha energias sobrando
tem ficado costantemente pensando
sobre como é angustiante permanecer
em um local em que não se pode...
não se pode sentir-se vivo.
Vegeta mais que os legumes na cozinha
Esta limitada mais que animais no zoológico.

Engolia seco, sentia vontade de fazer algo...


loucura perdida

Salgueiro chorão




Salgueiro chorão com lágrimas escorrendo,
Porque você chora e fica gemendo?
Será porque ele lhe deixou um dia?
Será porque ficar aqui não mais podia?
Em seus galhos ele se balançava.
Ainda espera a alegria
Que aquele balançar lhe dava.
Em sua sombra abrigo encontrou,
Imagina que seu sorriso jamais se acabou!
Salgueiro chorão pare de chorar
Há algo que poderá lhe consolar:
Acha que a morte para sempre os separou,
Mas em seu coração para sempre ficou!

Do filme, My girl.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Deseando Morir



Ahora que lo preguntas, la mayor parte de los días no puedo recordar.
Camino vestida, sin marcas de ese viaje.
Luego la casi innombrable lascivia regresa.

Ni siquiera entonces tengo nada contra la vida.
Conozco bien las hojas de hierba que mencionas,
los muebles que has puesto al sol.

Pero los suicidas poseen un lenguaje especial.
Al igual que carpinteros, quieren saber con qué herramientas.
Nunca preguntan por qué construir.

En dos ocasiones me he expresado con tanta sencillez,
he poseído al enemigo, comido al enemigo,
he aceptado su destreza, su magia.

De este modo, grave y pensativa,
más tibia que el aceite o el agua,
he descansado, babeando por el agujero de mi boca.

No se me ocurrió exponer mi cuerpo a la aguja.
Hasta la córnea y la orina sobrante se perdieron.
Los suicidas ya han traicionado el cuerpo.

Nacidos sin vida, no siempre mueren,
pero deslumbrados, no pueden olvidar una droga tan dulceque
hasta los niños mirarían con una sonrisa.

Empujar toda esa vida bajo tu lengua!
que, por sí misma, se convierte en pasión.
La muerte es un hueso triste, lleno de golpes, dirías,

y a pesar de todo ella me espera, año tras año,
para reparar delicadamente una vieja herida,
para liberar mi aliento de su dañina prisión.

Balanceándose allí, a veces se encuentran los suicidas,
rabiosos ante el fruto, una luna inflada,
Dejando el pan que confundieron con un beso
Dejando la página del libro abierto descuidadamente
Algo sin decir, el teléfono descolgado
Y el amor, cualquiera que haya sido, una infección.

ANNE SEXTON (1928-1974)

terça-feira, agosto 08, 2006

Comodação



Foi um tapa forte que deixou marca. Cinco caminhos na face ainda não seguidos. Mais outro, deixando mais quente a face. No começo era dor, era dolorida toda a situação. Agora já não agia assim, Renê pensava em outras coisas. Uma vez ou outra colocava um rockezinho velho na velha vitrolinha que herdou de Horácio, mas isso só acontecia quando era hora de lembrar de que coisas que viveu. Nessas horas, com o rockezinho de fundo lembrava que não tinha nada para se lembrar e olha que tentava de verdade só tinha uma sensação de lembrança, mas não sabia qual. E sabe o que Renê dizia de Horácio:
- Horácio vc parece controlar as horas...
- Por que?
- Horá- Horá- cio...horas...
Já então mudava de assunto e ia ouvir a música, mas isso quando Horácio ainda era vivo. Depois era só que escutava as músicas. Não havia encontrado ninguém para fazer companhia e no começo depois da morte não queria. Negava qualquer aproximação. Freqüentava algumas baladas, mas não se sentia muito à vontade. Chegava em casa querendo desabar na cama e dormir, mas não conseguia dormir depois de ali ter desabado.
Olha só, tinha um caderno com anotações no começo, eram pequenas mensagens, muito curtas mesmo tipo "Hoje é o dia!", "Foi demais pra mim...", "Hoje não, não dá...desculpe.".
Logo depois passou a ter mensagens maiores quase que cartas. Depois frases soltas irregulares em qualquer canto do caderno com frieza e raiva. E agora no final do caderno já eram coisas mais neutras sem muita importância para um lado ou para o outro. Quase como se compreendesse que a luz e a escuridão habitam juntas o mesmo local.

loucura perdida

domingo, agosto 06, 2006

Fragmentos...

Me sinto como um tubo humano cheio de confetes coloridos. Não sou só vermelha por dentro.
Tenho uma explosão de cores dentro de mim agora.
O sol está raiando tudo que atravessa seu caminho. A sombra se esconde, mas quase não há lugar.
O dia tá parecendo mais elástico, borrachudo talvez? E os nomes se transformando em coisas.
Sabrina se esvai em um rio fininho e cumprido. E Fátima que parece constantemente estar ajoelhada rezando e lutando; Mônica já é um telhado de capela. Capelinha das freiras boazinhas e graciosas orando em nome de todos. Do mundo. Clayton se forma retângulo numa moldura marron e vazia.
E que secura é essa que nunca seca.

27/07/06

loucura perdida